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Don Juan da Caixa Econômia Federal deve cair

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A secretária de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, Daniella Marques, é a mais cotada pelo governo para assumir a presidência da Caixa Econômica.

A situação do atual presidente da Caixa, Pedro Guimarães, ficou frágil dentro do governo depois que surgiram denúncias de que ele cometeu assédio sexual contra funcionárias. O Ministério Público Federal (MPF) investiga as acusações (veja mais abaixo trechos de relatos das funcionárias).

Daniella Marques faz parte da equipe do ministro Paulo Guedes, da Economia, desde o início do governo, em janeiro de 2019. Ela é uma das assessoras mais próximas do ministro.

Conta a favor de Marques, que é economista, a experiência que ela tem com o mercado financeiro e a avaliação, dentro do governo, de que ela tem bom trânsito no Congresso.

Além disso, o governo entende que escolher uma mulher para comandar um grande banco público, ainda mais depois das denúncias de assédio sexual, pode ajudar o presidente Jair Bolsonaro a conquistar votos femininos nas eleições. A equipe do presidente entende que ele precisa melhorar o desempenho com o eleitorado feminino.

Denúncias de assédio

A TV Globo falou com algumas funcionárias que relataram episódios de assédio que sofreram de Guimarães.

"Eu considero um assédio. Foi em mais de uma ocasião. Ele tem por hábito chamar grupo de empregados para jantar com ele. Ele paga vinho para esses empregados. Não me senti confortável, mas, ao mesmo tempo, não me senti na condição de me negar a aceitar uma taça de vinho. E depois disso ele pediu que eu levasse até o quarto dele à noite um carregador de celular e ele estava com as vestes inadequadas, estava vestido de uma maneira muito informal de cueca samba canção. Quando cheguei pra entregar, ele deu um passo para trás me convidando para entrar no quarto. Eu me senti muito invadida, muito desrespeitada como mulher e como alguém que estava ali para fazer um trabalho. Já tinha falado que não era apropriado me chamar para ir ao quarto dele tão tarde e ainda me receber daquela forma. Me senti humilhada".

Outra funcionária afirmou que, às vezes, o constrangimento era feito na frente de outros colegas:

"Por exemplo, pedir para abraçar, pegar no pescoço, pegar na cintura, no quadril. Isso acontecia na frente de outras pessoas. E, às vezes, essas promessas eram no pé de ouvido e na frente de outras pessoas, mas de forma com que outras pessoas não ouvissem."

Segundo ela, o assédio também ocorria nas viagens que o presidente da Caixa faz pelo país.

"Comigo foi em viagem, nessas abordagens que ele faz pedindo, perguntando se confia, se é legal. Abraços mais fortes, me abraça direito e nesses abraços o braço escapava e tocava no seio, nas partes íntimas atrás, era dessa forma."

Outra funcionária afirma que o presidente da Caixa era insistente.

"Eu só fingi que estava bebendo o vinho e tudo e aí ele ele começou a fazer umas brincadeiras. Aí na hora de pagar a conta pediu um abraço. Aí falou: 'Ah'. Eu tentei manter a distância. 'Ah, um abraço maior'. Eu fiquei muito sem graça, que eu já vi que ele já, né? A gente já sabe da fama. Eu sabia da fama dele já, então eu me reservei o máximo possível. E aí ele: 'não, mas abraça direito. Abraça direito, porque é... você não gosta de mim'. Aí na hora que ele, na terceira vez que ele fez eu abraçar ele, ele passou a mão na minha bunda."

"E aí. Fora assim, várias fotos. Ele, toda vez que vai tirar foto pega na cintura da gente com uma intimidade que não existe e isso deixa a gente muito constrangida. É muito sem graça assim. Eu me sinto meio violentada mesmo, quando ele tem esse tipo de atitudes, sabe?"

Algumas dessas mulheres dizem que simplesmente desistiram de usar o canal de denúncias oferecido pela Caixa. Elas afirmam que souberam de outros casos que não teriam sido levados adiante e contam que as vítimas até sofreram retaliações.

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